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Luciana Bugni

7 lições que Débora Nascimento deixou para mulheres em seu desabafo

Universa

11/03/2019 19h03

(Reprodução: Instagram)

O texto que Débora Nascimento postou no domingo foi tão cheio de boas frases, que vale a pena ler de novo.

  1. Nenhuma mulher merece se sentir oprimida.

Na verdade, ninguém merece se sentir oprimido. Mas acaba que a nossa criação machista acaba oprimindo mais a mulher.  Se Débora é traída e termina a relação, ela recebe todo tipo de palpite dizendo que deve perdoar. Se ela perdoa, está errada também. O homem está, na maioria das vezes, livre desse tipo de julgamento (traiu porque não segurou a onda, ou porque a outra provocou). Injusto, para dizer o mínimo.

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2. Existe um universo paralelo na internet

Aquele sua colega de trabalho que sai todo dia e posta fotos dos drinques que toma pode não estar tão feliz quanto parece. Aquele vizinho que se declara para esposa pode não ser tão fiel quanto parece. A suposta amante de José Loreto pode não ser quem dizem que é. Não existe verdade nas redes sociais. Acreditar piamente em todos os posts de conhecidos e desconhecidos que você lê é se machucar.

3. Fazer questão de viver e valorizar a vida real, de acordo com seus princípios, prezando pelo bom senso e respeitando quem se é.

Não é por que você leu uma crítica na internet que você vai mudar o que pensa a respeito de si mesma. Por mais que comentários abalem às vezes, foque no que você é.

4. Manter silêncio para não expôr mais uma mulher — "exercitando minha empatia e sororidade, que é verdadeira e não oportuna".

Não consigo nem comentar esse item. Não expor a mulher que teoricamente teve um caso com seu marido é o cúmulo do respeito ao próximo. Que coisa linda de se ver.

5. Devemos sempre pensar na genuína fragilidade alheia.

As pessoas estão vivendo batalhas das quais não temos a menor a ideia, por isso devemos ser gentis com todos, diz o ditado que virou meme. E é verdade.

6. Ter ciência do poder feminino — "o que considero um ato de resistência dentro da estrutura moralista e machista de um país onde 536 mulheres são agredidas por hora, onde as estatísticas perdem espaço para fake news".

Sim, as mulheres desse país são culpadas pelas agressões que sofrem, seja pela roupa que usam, seja pelo jeito como se comportam. Saber disso e seguir é mesmo um ato de resistência.

7. Nenhuma manipulação, julgamento injusto, narrativa artificial ou notícia mentirosa pode impedi-la de ser feliz.

Como é difícil ser feliz apesar dos julgamentos — e se é para a gente, imagina isso para uma pessoa famosa? Que a gente consiga sempre como mulher e como ser humano, se manter lúcido para perceber o que queremos ou não absorver.

Não é todo dia que a gente vê um desabafo desses, né?

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Nenhuma mulher merece se sentir oprimida. Diante de tantos ataques e injúrias oportunistas que venho sofrendo, meu silêncio agora me oprime, mas a verdade há de me libertar. Vamos falar de verdade? A verdade costumar ter três lados: o da pessoa que conta a sua versão, a versão do outro e finalmente o fato propriamente dito. Mas hoje temos o universo paralelo da internet e das redes sociais cheios de robôs e comentaristas da vida alheia que julgam a partir de um sistema de manipulação de imagem e narrativa. Nesse mundo virtual versões construídas crescem exponencialmente e ganham contornos maiores do que a vida real e assim é criada uma hipócrita, oportunista e artificial quarta verdade. Eu, Débora, faço questão de viver e valorizar a vida real, de acordo com meus princípios, prezando pelo bom senso e respeitando quem eu sou genuinamente: uma mulher de 33 anos, que trabalha muito, mãe de uma menina de 10 meses. Eu que sempre optei pela discrição em minha vida pública, sofri uma exposição e fui refém de uma situação que não escolhi. Tenho muita consciência do que vi e vivenciei, ninguém agiu sozinho, isso foi bem claro para mim. Mantive meu silêncio justamente para não expôr mais uma mulher – exercitando minha empatia e sororidade, que é verdadeira e não oportuna. Devemos sempre pensar na genuína fragilidade alheia. Nunca me permiti esmorecer. Pautei minhas atitudes com muita cautela, sempre priorizando proteger minha filha. Tenho ciência do meu poder feminino- o que considero um ato de resistência dentro da estrutura moralista e machista de um país onde 536 mulheres são agredidas por hora, onde as estatísticas perdem espaço para fake news. Sei que sou dona do meu corpo, valores, escolhas e silêncios. E nenhuma manipulação, julgamento injusto, narrativa artificial ou notícia mentirosa vai me impedir de ser feliz. Não aceito nada menos que ser feliz, devo isso à mim e minha filha.

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Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.