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Luciana Bugni

Atriz lésbica é atacada nas redes por ser hétero: os haters ficaram loucos!

Universa

14/08/2018 04h00

Uma lésbica que sofre ataques na internet por não ser lésbica, sendo que ela é lésbica… oi? (Foto: Divulgação)

Já falei aqui que não sou muito boa em sentir raiva dos outros. Mas se tem uma coisa que é difícil de entender é o que motiva os haters, na internet, a dedicar seu tempo detonando alguém que nem conhecem. Como é que pode alguém achar que, pelas redes sociais serem terra de ninguém, pode falar o que pensa e jogar ódio em desconhecidos? E, depois de fazer isso, a pessoa se sente melhor? Como funciona essa dinâmica?

Essa semana Ruby Rose, a atriz que foi convidada a interpretar a personagem Batwoman no filme a ser lançado pela DC Comics, se viu obrigada a fechar sua conta no Twitter e bloquear comentários no Instagram. O motivo? Ataques de fãs da série nas redes sociais.

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Quando fiquei sabendo da notícia, imaginei que os ataques tinham sido por Ruby ser assumidamente lésbica e estar prestes a interpretar um personagem dos quadrinhos que também é homossexual. Mas diferentemente do que imaginei, os ataques não eram homofóbicos. Pior: eram ofensas por chamarem Ruby para interpretar um personagem gay. Parece confuso? É por que é. Os fãs da Marvel, ou dos quadrinhos, sem nem saber quem era Ruby e qual a relação dela com a causa LGBT, decidiram agredir a atriz dizendo que ela não é gay. Sendo que ela é! Socorro!

Acho que isso diz muito sobre o que motiva ataques na internet. Parece que em tempos de tanta informação, com tanta velocidade, ninguém lê nada. Só sai cuspindo o que pensa, anonimamente, atrás da segurança de uma tela, no conforto de seu quarto. Por ser uma pessoa pública, ela deve suportar ser agredida por qualquer motivo? Especialmente esse que, no caso, não faz o menor sentido?

Ruby, antes de fechar seu Twitter, respondeu assim: "Onde surgiu essa conversa de 'Ruby não é lésbica então ela não pode ser a Batwoman' – isso deve ser a coisa mais ridícula que eu já li. Eu sai do armário aos 12 anos. Pelos últimos cinco anos, tive que lidar com críticas como 'ela é muito gay' e agora vocês mudam de opinião assim? Eu não mudei. Queria que nós nos apoiássemos em nossas jornadas", escreveu a atriz, segundo sites gringos. "Quando mulheres e minorias se juntam, nós somos imbatíveis… quando nós começamos a nos destruir causamos muito mais danos do que qualquer outro grupo. Só queria que mulheres e a comunidade LGBT se apoiassem mais. Queria que fóssemos um pouco mais gentis", ela disse.

Claro que ninguém morre por sair do Twitter. Pelo contrário, ela deve estar feliz da vida, se preparando para o papel. Mas não é injusto um grupo de pessoas achar que, porque tem uma conta numa rede social, pode interferir assim na vida da outra? Eu acho uma falta de educação enorme. Por dizer o que eu penso nesse espaço aqui, às vezes recebo mensagens bem agressivas dos leitores nas redes sociais. Tem dia que nem ligo, tem dia em que fico chateada. Poxa, a pessoa tem a opção de não ler o que escrevo, por exemplo. E eu não deveria receber ofensas pessoais por que eu penso diferente.

Ruby disse que se alguém precisar dela, agora que não tem mais Twitter, pode contatá-la pelo Batfone.  Às vezes dá vontade de fazer o mesmo.

 

Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.