"O nome dela é Jenifer": por que mulheres ainda tratam mal a atual do ex?
Jenifer, música do cantor Gabriel Diniz, é um sucesso. O clipe, de setembro de 2018, já soma 70 milhões de visualizações no YouTube e a música é uma das mais ouvidas no Spotify Brasil. A história é de um rapaz que é confrontado pela ex sobre quem é a nova mulher com quem ele está saindo. O nome dela é Jenifer e ele a encontrou no Tinder. A ex, de maneira meio possessiva, vai atrás do cara na balada "xingando, enchendo o saco, perguntando quem é essa perua aí".
Gostos musicais à parte, surge a pergunta: por que será que a gente, mulher, ainda faz isso com as outras mulheres? Afinal, não é porque ela está com o cara que um dia já foi seu que ela é "uma perua", ou é? Lógico que tem posse, tem ciúme também. E tem até dores de cotovelos daquelas que também alimentam o cancioneiro sertanejo. Acontece. Mas parecem não ser só esses os motivos.
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Essa dificuldade no tratamento entre ex e atual é um clássico das relações humanas. Convencionou-se que é normal chamar a ex de nossos parceiros de louca e a atual de "perua". Quem nunca fez isso que levante a mão. A ex é, no mínimo, alguém legal com quem a pessoa que você ama escolheu estar por um tempo. O mesmo se espera da atual. As exceções até existem mas, em geral, é isso mesmo.
Se defendemos que temos que nos unir e proteger todas as mulheres, por que deveríamos excluir bem alguém de quem nosso parceiro já gostou? É competição, é ciúme ou é bobagem mesmo? A nossa estrutura social não nos fez acreditar que somos todas inimigas? Quantos amigos você já viu romperem por causa de mulher? E quantas mulheres por causa de namorado?
Parece que fomos ensinadas a competir por causa de homem — "se você perder esse, não vai achar um melhor", já aconselhava minha avó. E a verdade é que vou, sim, achar homens melhores e piores também. O que não faz sentido é ficar falando mal das velhas ou novas parceiras de nossos ex ou atuais companheiros. "Afe, olha o cabelo dela" e "Vixe, engordou" são opiniões que não acrescentam nada e nem tem motivo de ser. A gente não precisa competir com ninguém por causa de homem. Outros vão surgir — e se não surgirem também, tudo bem.
A sua Jenifer de hoje pode ser você mesmo amanhã, encontrando um cara no Tinder e sofrendo retaliação de uma ex dele, que vai te chamar de perua e você retribuirá chamando de louca.
Que tal cortar esse ciclo agora?
Ouça Jenifer outra vez e nunca mais esqueça de tratar bem as minas todas:
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