No Pânico, Emílio diz que "nem mulher" briga como Glenn e Augusto: sério?
Luciana Bugni
07/11/2019 15h44
(Reprodução: Youtube)
Você deve estar sabendo: no programa Pânico, o jornalista Glenn Greenwald, foi agredido fisicamente por Augusto Nunes. Nunes discorda da maneira como a abordagem jornalística do colega atrapalha a Lava Jato. Por isso, acusou Glenn e o marido David Miranda de não cuidarem direito de seus filhos.
A discussão familiar não tinha nada a ver com o trabalho do jornalista do Intercept. Sabemos que não devemos botar a família no meio de nossas brigas, né? Glenn ficou bravo. No programa de rádio Pânico, que é transmitido também na internet, chamou o colega de covarde.
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Nunes respondeu com um soco. "Covarde", replica Glenn. "Sou covarde, mas você levou um soco na cara", diz o jornalista, como se agredir fosse um mérito. No meio da confusão, o apresentador Emílio Surita interrompeu a transmissão dizendo que nem mulher briga tão feio assim.
Eita. Como assim nem mulher? O que a gente tem a ver com essa treta?
Eu sou mulher há 37 anos e eu nunca briguei na vida. Quer dizer, uma vez, quando tinha 8 anos de idade, eu dei um tapa na Maria Cecília porque ela disse que eu jogava queimada muito mal. Ela não estava mentindo. Mas eu me ofendi. Estava certa de dar um tapa na Maria Cecília? Não. Percebi logo no minuto seguinte e pedi desculpas chorando. Maria Cecília zombou de mim: "Ela que me bate e ela que chora". Fim da briga. Aliás, desculpe de novo, Maria Cecília.
Aprendi com 8 anos de idade que não se briga com os outros no braço. Com outra mulher, então, isso não teria nem cabimento. Não consigo me imaginar numa briga física com uma mulher desde 1990. Minhas amigas também não. Então como assim, a briga dos jornalistas na rádio é mais feia que briga de mulher?
Homens, por outro lado, têm um histórico de agressões. Eles brigam no futebol, eles brigam no pátio da escola. Eles quebram o pau. E essas brigas não ficam na quadra da escola num jogo de queimada, não. Tem cara que vai para a balada para arrumar briga até hoje. Conheço muito marmanjo que conta orgulhoso as tretas do passado como se os socos trocados fossem o símbolo máximo da virilidade. Corta para Augusto Nunes, orgulhoso, no auge da tensão de uma briga repetindo a máxima: pelo menos fui eu quem bateu. Pelo amor de Deus.
Na volta do programa, Augusto não estava mais na bancada. Surita tentou responsabilizar a produção do programa pela escolha equivocada de convidados que não se dão.
Calma aí, dois homens têm uma briga horrorosa ao vivo para milhares de pessoas e a culpa é a da pessoa (uma mulher, no caso, a produtora Paulinha Kraushe). Dois caras educados e maiores de idade não conseguem controlar sua raiva e a culpa é da mulher que os convidou?
Paulinha tentou se defender ao vivo, mas Emílio a interrompeu. Outro comportamento típico masculino: interromper mulheres quando elas estão falando — tem até nome, chama manterrupting.
Não, Emílio, eles não brigaram mais feio que mulheres. Eles brigaram como os homens que são. E não foi porque uma mulher os convidou. Foi porque eles não controlam as emoções adequadamente.
Nós, mulheres, não temos nada a ver com isso. Ficamos aqui só assistindo perplexas.
Aliás, muito perplexas.
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Sobre a autora
Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni
Sobre o Blog
Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.