Você vive para você ou para postar no Instagram?
Foi numa conversa sobre o… Neymar (eu sei que você não aguenta mais falar disso, sempre ele). Um amigo virtual do Twitter disse, após ler esse texto aqui: "Estamos mal de ídolos. O mais triste é que não se vê alegria no futebol dele. Ele não se diverte. Quando joga bem é sempre por vingança ou pra calar a boca de alguém." Isso me deu um estalo. Ele joga para postar no Insta, eu pensei. E esse é o pior jeito de levar a vida que eu conheço. Isso foi antes da partida contra a Sérvia em que, depois de cair e dar aquelas roladas cinematográficas só duas vezes em campo, fez o que se esperava dele: jogou bola. Enfim, já fiz as pazes com Neymar, o que eu mais quero é que ele me deixe amá-lo muito, porque tenho uma leve tendência a ser devota do Neymarzismo. Mas a história do Insta ficou na minha cabeça.
Desde que as redes sociais surgiram, a gente começou a mudar um pouco nossos padrões de diversão. Outro dia, postei a foto de umas flores que estavam na frente de um restaurante e uma amiga perguntou onde era o lugar. Mesmo sem saber se era bom, ou o que serviam lá, ela sentiu vontade de ir porque era bonito ou, como a gente diz num tom meio pejorativo, instagramável. A timeline é cheia de pessoas lindas e sorridentes, sorrindo com suas taças de vinho rosé. As meninas estão bem vestidas. Os caras tem seus coques cuidadosamente desarrumados. E será que todo mundo realmente está vivendo aqueles momentos de deleite?
Não estou aqui para criticar quem usa Instagram não, nem poderia: sou usuária compulsiva do Stories. E já tive minhas questões para deletar o app do Facebook. Mas será que o uso exagerado da rede social não faz com que a gente construa uma realidade instagramável? Outro dia perguntei para um amigo como estava o namoro e ele, um pouco bêbado, disse: "horrível". E já se explicou: "Eu sei que tem um monte de foto no Insta da gente dizendo que se ama, mas nada daquilo é verdade". Eita. Uma outra amiga contou sobre uma crise no relacionamento de uma conhecida. "Mas gente, eles vivem saindo juntos e se amando loucamente", eu disse. "Só na internet", ela esclareceu. Será que isso não está atrasando a vida da gente, não?
Voltando para o Neymar: dei uma leve stalkeada no moço e cheguei à conclusão que ele joga muito, sai bem nas fotos e é adorado pelos fãs e amigos. Uma cara legal, tem muito dinheiro, vive indo em festas, tem um filho lindo e fofo, um monte de tatuagem e uma namorada maravilhosa. Legal, tudo isso realmente é verdade. Mas será que é só isso? E, de tanto olhar para a parte boa da vida que ele mesmo posta, será que não acaba ficando difícil reconhecer e viver a parte que não é tão boa assim? Na verdade, eu nem estou falando sobre o Neymar. Estou falando sobre nós mesmos.
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