Curtida não traz felicidade: Whindersson é a prova que devemos desconectar
Universa
27/04/2019 04h00
Com a mulher, Luiza Sonza: eles vão dar uma desconectada (Reprodução Instagram)
Whindersson Nunes está com depressão. É esquisito porque a gente associa a doença à muita tristeza e nunca ao humor. Mas às vezes o humor é a válvula para escapar daquele sentimento que nos incomoda. Fazer rir é um jeito divertido de tapar o sol com a peneira.
Em seus posts em que assume a depressão, no Twitter, Whindersson declara que se sente muito triste há anos. E pede desculpas várias vezes. Diz também que a mulher, Luiza Sonza, é seu porto seguro. Ela já declarou que vai dar um tempo na carreira para ficar com ele, durante a licença.
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É sempre um choque imaginar que alguém tão amado quanto o maior Youtuber do Brasil e um dos maiores do mundo, com 35 milhões de seguidores, se sinta triste. Como pode alguém amado por tanta gente ficar mal? É só ele fazer um post que logo vêm milhões de curtidas. Curtida não é como se fosse um abraço?
Não é. Curtida é algo efêmero que na verdade, verdade mesmo, não vale nada quando a coisa aperta. Não enche seu prato de sopa quando você está gripado. Não troca resistência do chuveiro. Não vai até o quarto pegar uma meia quando você está passando frio no sofá da sala. Curtida não serve para nada.
Na semana passada, conversei com Thaynara OG para essa entrevista aqui de Universa. Essa menina tem uma história interessante. Estava triste em seu quarto lá em São Luís, no Maranhão, porque tinha que estudar para concurso público. Estudava dia e noite sem folga, uma solidão danada. E fazia vídeos no snapchat para desabafar quando dava uma pausa, antes de dormir.
Começou a se divertir. Um falou para o outro, que falou para o outro… Começou a ser amada. Hoje, são 3,4 milhões de admiradores só no Instagram. Ela é amada na televisão. Ele é amada nas ruas. Ela diz que é abordada com carinho quando está com diarreia tomando soro no hospital. Quando está emocionada ouvindo o sermão do padre na igreja que frequenta.
E isso dá angústia?, eu perguntei.
Ela disse que sim. Que fica olhando se o vídeo vai bem. E que fica frustrada muitas vezes. Que chora. Que sofre. E que limpa a cara e volta a postar.
Se você, quando posta algo para seus 300 e poucos seguidores, espera que mais de 20 pessoas curtam… imagina como é isso para quem tem dez mil vezes mais gente seguindo.
Não estou falando que eles são coitados, não. Bem pelo contrário, aliás. Thay não confirma, mas dizem que ganha R$ 150 mil pra dar as caras num evento. Estima-se que Whindersson perca R$ 3 milhões nesse período de licença para tratar a depressão.
É dinheiro para caramba! Eles estão ganhando muito bem para "sofrer" online.
Mas o que estou dizendo é que a curtida e nem a grana traz felicidade.
E a gente precisa lembrar disso o tempo todo quando posta algo e fica naquela angústia de que "ninguém vai curtir".
Thay disse que a vida dela, ela resolve offline.
Whindersson deu um "até breve" nas redes e vai cuidar de si também.
E você? Vai ficar olhando esse celular até quando?
Vai tomar um banho quente, fazer uma sopa e colocar uma meia. A felicidade está ali fora.
Sobre a autora
Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni
Sobre o Blog
Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.