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Luciana Bugni

A incrível vida de Anitta e Neymar num mundo sem coronavírus

Luciana Bugni

28/08/2020 04h00

#neynitta ou #animar: a verdadeira hashtag é a da inveja de quem pode curtir a vida (Reprodução TikTok)

Antes que você, caro leitor, diga que eu tenho inveja, já começo o texto esclarecendo: eu tenho mesmo inveja de Neymar e Anitta. É lógico. Você não tem? Você não queria ser rico, amado, ter sucesso e ser (aparentemente) feliz 100% do tempo? Eu queria.

Mas mais do que isso, eu queria estar num país que respeitou a quarentena e onde, agora, dê para dar umas voltinhas, ver uns amigos. Se divertir. Tipo Neymar e Anitta, que estão na Espanha, em Ibiza. No país, a pandemia segue controlada: a média de mortes foi menor que 5 pessoas no país inteiro por todo junho e julho. Agora, com as férias de verão por lá, ameaça subir. O mundo não está sem coronavírus como sugerem as redes sociais dos famosos, mas há lugares em que dá para fingir com mais tranquilidade.

Eu queria também estar em Ibiza. Vi no Instagram: céu azul, mar idem. Não que eu tenha qualquer fetiche em praias europeias — insisto que no Brasil sabemos muito bem como fazer esse negócio de litoral. Mas vou dizer o quê? Que está legal aqui nesse frio de 8ºC da zona sul de São Paulo trancada em casa há cinco meses e meio? Não está.

Essa malandra…

Anitta ganhou meu coração quando desceu daquela moto cantando Vai, Malandra, sem medo de mostrar celulite e meteu o biquíni de fita isolante. De lá para cá, lançou hit atrás de hit. Brincou com o bumbum e com o que mais tivesse na frente. Parece que segue fazendo o que prometeu na letra: "não vou mais parar, cê vai aguentar". Está na Europa há semanas, curtindo bastante com amigos, da Croácia para a Itália e agora Espanha. Parece um bom plano.

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Aqui no Brasil, a situação é um pouco diferente. A pandemia segue em altos níveis há cinco meses e não há previsão de  sairmos nas ruas, encontrarmos com vários amigos sem máscara e tudo isso que a gente gostava bastante na antiga vida do longínquo março. Época boa, em que a gente praticamente lambia as pessoas na empolgação, coisa que não é definitivamente recomendável nos dias de hoje.

Anitta sabe disso e defende que o brasileiro siga em casa. Mas a sorte dela é outra, é verdade. Ela pode viajar para um lugar maravilhoso como esse e curtir. Tá errada? Se não estiver colocando ninguém em risco, estiver obedecendo isolamento, segurança etc., não está. Não vou ficar aqui avaliando as atitudes dela no TikTok, nem a proximidade física com amigos (muitos amigos), nem a ausência total de máscara em quase todas as postagens. Faz quase seis meses, a gente cansou até de patrulhar.

O mesmo vale para Neymar. Jogou uma final no domingo, seu time perdeu, mostrou maturidade, cumprimentou a todos, sentiu a derrota, acordou no outro dia, comemorou o aniversário do filho, chamou a mãe do filho de família (enquanto muito jogador de futebol não quer chegar perto da ex que engravidou, ele sempre foi correto e carinhoso com todos). Depois viajou com o filho e amigos e, se tem alguém cuidando dessa criança quando ele for pra night, também parece não estar fazendo errado. Usar máscara seria uma boa — tem muita gente ali olhando e tal. Mas fazer o quê?

A inveja que sinto dos dois é bem conformada. É a mesma que sinto de minha amiga que mora em Fernando de Noronha, ilha que está livre da doença há meses. Ou dos amigos que vivem na Europa, em outros locais em que a pandemia não se mede em mais de mil mortes todos os dias — alguém realmente acha ok fazer uma festa por aqui enquanto esses números estamparem as manchetes? E, claro, não estou dizendo que está fácil para aguém. Afinal, é 2020. E sim, o mundo inteiro deve respeitar isolamento, usar máscara, se cuidar (especialmente se você tiver milhões de seguidores ávidos por copiar tudo o que você faz).

Eu não moro num lugar em que dá para curtir a vida lá fora livremente, trocando perdigotos em um microfone compartilhado sem máscara. Uma pena. Tenho certa aptidão para esse negócio de contato físico. Por aqui, as amizades coloridas amargam o preto e branco da espera.

Tudo o que podemos fazer é invejar Anitta e Neymar vivendo uma vida de sonhos, muito distante desse nosso agosto. Já era distante naquele março saudoso mas, bem… ali pelo menos dava para fingir que a gente se divertia igual a eles.

Nessa sexta (28) a cantora assiste o lançamento da música nova do produtor musical Papatinho, "Tá com papato". Ela, Bin e Dfideliz participam — ela gravou o clipe antes de embarcar nessa viagem. A noite deve ser animada em uma certa ilha do Mediterrâneo. Lá, as amizades são coloridas mesmo, com fundo azul e corpos dourados.

Espero que eles estejam tomando cuidado para poderem sair dessas belas férias sem passar para os outros um vírus letal a cada vez que respiram. Coragem eu tenho, ginga até que tenho alguma:  o que eu não tenho é sorte.

Você pode discordar de mim no Instagram.

 

 

Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.