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Luciana Bugni

Sadi, Natuza, Prioli: por que brasileiro se apaixonou por jornalistas agora

Luciana Bugni

25/06/2020 04h00

Ver essas meninas atrás das notícias aquece meu coração (Reprodução Instagram)

Antes, nos grupos de Whatsapp de amigos, o assunto eram as coisas que fazíamos ou iríamos fazer. Lembra quando a gente fazia planos?

Faz uns meses aí, você deve ter notado, não fazemos mais nada além de bolo, pão, passar álcool no saco de arroz e ver notícias que desgraçam nossas cabeças e fazem repensar o verso "abençoado por Deus" do país tropical de Ben Jor.

O assunto das conversas então mudou. Agora, além de preocupações constantes com a saúde dos amigos, falamos de sugestões de séries. Fazemos também comentários empáticos sobre os participantes de Largados e Pelados, que parecem estar sofrendo mais que nós em sua batalha por sobrevivência. Se bem que, 100 dias depois e vivendo no Brasil, já começo a me achar mais vitoriosa que eles. E opinamos sobre assuntos diversos com base no que Gabriela Prioli disse, no que a Andréia Sadi perguntou, no que Natuza Nery expôs ou Maju Coutinho mostrou etc.

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No flagra by @renatavasconcellosoficial !

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Como jornalista, não me lembro de outro tempo em que as jornalistas estivessem tão em pauta nas conversas masculinas. Talvez Fátima Bernardes na Copa de 2002.  E o que quase me alegra é a abordagem que vejo meus amigos fazendo: eles obviamente acham as mulheres lindas, mas estão interessados e encantados pelo que elas dizem, pelo que elas trazem. Chegou finalmente o dia em que uma mulher é considerada bonita pelo que pensa?

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Claro, há muito ainda por fazer. São poucas as mulheres gordas em destaque nos telejornais. Aline Midlej tem o corpo de uma Barbie. Monalisa Perrone é mais magra que a própria Barbie. Mas ainda assim, essas mulheres não estão no padrão de beleza que estamos acostumados a venerar em atrizes e cantoras. "Prefiro qualquer uma delas à Anitta", rebateu um amigo meu, pra citar um sex symbol quase unânime.

Perguntei para eles de onde vinha essa paixão repentina por quem sempre esteve aí informando, trabalhando. Um deles me disse que se apaixonou por Sadi na eleição de 2018. Outro falou que só percebeu Prioli na pandemia e que ela é a melhor coisa que aconteceu na vida dele em 2020 (olha a responsa, Gabriela!). Mais um: Maria Beltrão falando é um deleite. E outro, que toda vez que a gente se encontra no Zoom, fala sobre os podcasts delas, sem os quais não consegue começar o dia. As meninas entraram na conversa para falar sobre a elegância de Maju Coutinho ao falar e ao se vestir — como é que pode uma mulher ficar bem em qualquer roupa? Conclusão geral entre meus amigos não-jornalistas: a gente está encantado por elas porque informam e acolhem em tempos em que não sabemos para onde correr. E melhor não correr mesmo, fica em casa.

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Na foto eu to sorrindo, mas na vida real eu estou exausta

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Estamos vivendo tempos estranhos em que precisamos desesperadamente das notícias para sobreviver e saber os riscos reais que corremos. Mesmo assim, tem gente que prefere notícia falsa do grupo de Whatsapp da família e áudio mentiroso de médico impostor mandando a gente sair na rua. Essas moças que citei estão aí zelando pela nossa sobrevivência, entrando nas nossas salas (de máscaras e respeitando o isolamento social) para dizer o que está acontecendo de fato nesse país.

As notícias não são boas, ainda. Mas pelo menos estamos ouvindo o que elas têm a dizer — e elas estão dizendo a verdade.

A gente pode continuar esse papo lá no Instagram.

Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.