Duas mulheres brigando no BBB e a produção resolve com mais álcool: pode?
Não sou contra o álcool, muito pelo contrário. Acho que ajuda a socializar, acho que diverte, acho que relaxa. Sou o oposto do politicamente correto quando se refere à bebida alcoólica.
Claro, menores de idade não devem usar. Não se pode beber e dirigir. Não se deve beber todos os dias. Essas e outras leis no que se refere à parcimônia no consumo estão bem claras para mim. E os excessos sempre trazem uma conta muito cara — você já percebeu que a ressaca tem sintomas prolongados à medida que envelhecemos?
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Apesar disso, estou no time de quem acha que uma cervejinha não faz mal à quase ninguém. Nem uma taça de vinho (ou quatro). Porém, é sabido que o álcool, como todas as drogas lícitas ou ilícitas, é perigoso. Primeiro, porque você não sabe como seu corpo reage a ele — e o vício é devastador para o viciado e para todas as pessoas que o cercam.
O uso do álcool vira um pesadelo quando se trata de adição. É triste demais ter um alcoólatra na família. É quando o "não faz mal à ninguém" vira fumaça. E a vida de todo mundo pega fogo mesmo. Isso deve ser tratado com o assunto sério de saúde pública que é.
Pois bem, dito isso, queria mesmo era falar de BBB.
O álcool é uma lupa. Depois de umas doses, aquela música que você gosta um pouco vira a música mais legal do mundo. "Minha música", gritam os mais entusiasmados na pista de dança. Aquele desejo reprimido por um cara no trabalho vira questão de vida ou morte no happy hour da firma. Aquele McDonald's no fim da madrugada para amenizar os efeitos da ressaca na manhã seguinte vira a melhor refeição do mundo, quando na verdade é só um quarterão com queijo.
E aquela briga que você está adiando vira uma treta urgente, com efeitos devastadores. O álcool é uma lupa.
Foi o que aconteceu na madrugada de ontem, no Big Brother. Depois de umas (inúmeras) biritas Hariany tomou coragem para dizer algo que vinha incomodando na colega de confinamento Paula.
Paula é cheia de opinião, sabe? Vive dizendo o que pensa. Já foi alertada algumas vezes que seu comportamento esbarra na liberdade do outro. Na verdade, é racismo mesmo. Mas mesmo assim, diz que é apenas a sua opinião e não se permite tentar entender o porquê dos outros se sentirem ofendidos. É aquela velha história da empatia, do que é ou não mimimi. Geralmente, quem é preconceituoso se esconde atrás desse rótulo da "opinião" e segue o baile, sem tentar mudar.
O baile estava seguindo, aliás, a todo vapor. Mas Hariany se irritou com Paula e a discussão terminou num empurrão. Depois, Paula arrastou Hariany pela casa. Ainda teve choro e xingamento. Briga de bar, como vemos frequentemente: geralmente são homens que protagonizam o barraco, seja por futebol ou mulher.
Lógico que não dá para dizer que aconteceu por causa do álcool. Mas ele funciona como uma lupa, já falei. E se a irritação fosse menor, talvez acontecesse o mais importante: diálogo. Não empurrão. Não gritaria. Não choradeira. É o diálogo que muda o mundo.
Agora, o que existe desde que existe o bar, o álcool e a treta é turma do deixa disso. No caso do BBB, com transmissão ao vivo, e muita gente bêbada, seria a turma da produção. Gente séria, de fone de ouvido e olhos atentos, que está no lado de fora cuidando de detalhes para que o circo não pegue fogo o suficiente para terminar, por exemplo, em morte.
O que a produção fez? Mandou mais um cooler de vodca para dentro da casa. Que ideia boa, apaziguar os ânimos com mais gasolina. Não, não é muito boa a ideia, não. Por sorte, nada de mais grave aconteceu — se é que podemos dizer que não é gravíssimo que duas pessoas se agridam.
Mas fica aí a reflexão sobre a parcimônia. Normalmente, a turma do deixa disso tem mais noção do que está acontecendo e pode colocar panos quentes para que a briga física vire diálogo quando tudo se acalmar.
O que não dá é para encharcar os panos quentes em mais vodca, né?
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