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Você já se converteu ao Neymarzismo?

Luciana Bugni

14/06/2018 04h00

De cueca, com Bruna: Neymar está em todo lugar! (foto: Divulgação)

A Copa começou e o astro do Brasil na Seleção continua dividindo opiniões: tem gente que ama, tem gente que odeia Neymar. Pudera, o garoto é polêmico do visual às atitudes em campo mas, eficiente, dá conta do recado e normalmente encanta. Chamam de mau caráter, mas chamam também de craque. Namora famosa, estampa outdoor, tem amigos em todas as áreas do showbizz. O jogador virou um ícone pop. Amando ou odiando Neymar, você certamente já ouviu falar dele hoje. E vai ouvir todo dia pelas próximas semanas.

Mas ele era só um menino tímido…

A primeira vez que eu ouvi falar do Neymar foi há uns 15 anos. Em Santos, no auge da empolgação Diego e Robinho, os meninos da Vila, dizia-se que, na base, havia um menino que seria o novo Pelé. E que ele iria explodir.

A primeira vez que falei que com Neymar foi na festa de casamento de Denílson e Luciele Camargo. Ainda com 17 anos, ele segurava um drinque envergonhado, meio deslocado, meio à sombra do pai, Neymar também. Sentei no braço do sofá dele e continuei uma negociação complicada que já havia sido iniciada por telefone para entrevistá-lo em sua casa, no Canal 5, em Santos. Ele, menino de tudo, pediu que eu falasse com o pai dele outra vez. Gentil, delicado, muito envergonhado. O pai topou, logo marcaríamos uma data.

A primeira vez que fui na casa de Neymar (e provavelmente a última) foi alguns meses depois do encontro no casamento. Subi o elevador do tripléx em Santos ansiosa para ver como seria entrevistar um menino (são entrevistas difíceis de fluir). Pediram que eu aguardasse na sala de jogos: sinuca, videogame, uma balcão de bar e mesas para carteado. Uma porta para a piscina que ficava num deck, na cobertura. Sentei com fotógrafo e assistente e ficamos ali esperando. Ouvi uma música sertaneja crescente. Na escada de caracol, à minha direita, desciam dois pés de chinelos de borracha (são nesses pés que estão as esperanças de milhões de brasileiros apreciadores de futebol agora, sete anos depois). Ele desceu com rádio grande nos ombros, de onde vinha a música sertaneja. Colocou o aparelho na mesa, me reconheceu da festa, "ah, é você", e perguntou se eu estava com pressa, pois queria "comer um rango". Você nunca diz para um entrevistado que está com pressa e espera o tempo dele. Depois de ter almoçado, Neymar sentou à minha frente e falou sobre o "mel" que fazia as meninas ficarem tão apaixonadas por ele. Os olhos apertadinhos num sorriso sincero e tímido pela resposta que havia acabado de me dar. Também disse que sentia falta de comer um Big Mac quente: desde que havia ficado famoso, em Santos, não havia mais jeito de ir com os parças até o Mc Donalds. O jeito era pedir para trazerem, "mas sempre chegava meio frio", ele lamentava. Aquilo me tocou de uma maneira estranha. Os anseios de menino, como comer um lanche de fast food e jogar bola na praia, cortados precocemente. Por outro lado, um apartamento de três andares, com lugar para abrigar todos os amigos. O direito de escutar música num radio potente, num volume que impossibilitava a conversa no resto da casa. Neymar já era ali, antes mesmo de sair do Brasil, o dono do próprio mundo.

De repente, dono do mundo

Nas semanas seguintes ao nosso encontro, a timidez que ele mostrou em sua casa já parecia ter acabado. Uma briga com Dorival Jr, a suspensão de entrevistas. Muitos cortes de cabelo. Seleção. Recordes. Chuteiras coloridas. Jatinho fretado para jogar dois jogos em dois dias (em continentes diferentes). Críticas. Inveja. Fechava a boca dos críticos com a bola no pé. Filho. Inimizades. Popularidade. Família. Parças. Namoro com famosa. Barcelona. Europa. Redes sociais. Celebridades gringas. Mais parças. Pagode. Microfone na mão, no palco, nos show dos amigos. Fratura na Copa. Nem a culpa do 7 a 1 ele levou. Fama de mimado. PSG, Paris. Morando sozinho. Neymar nunca mais saiu da boca de ninguém. Aquele menino calado que cobria o rosto ao me responder monossilábico hoje fala com segurança e sabe se portar. Segundo a Forbes, é a celebridade brasileira mais bem paga. Sua namorada, Bruna Marquezine, é a brasileira com mais seguidores no Instagram: 28 milhões. O menino não só explodiu, como decolou, cunhou expressões, impulsionou amigos, faturou uma fábula e fez muitos, muitos gols. E carrega nos pés – que vivem calçados com sapatos caríssimos – o sonho do hexa e a expectativa de um mundo inteiro de ver as tais da ousadia e alegria driblando juntas.

Na última vez que vi Neymar, essa manhã, ele estava de cueca. Bruna estava de lingerie e os dois deitados na cama pareciam animados em um anúncio no ponto de ônibus. Será que o menino que seria o novo Pelé ficou mais famoso que o original? Dizem que tem grandes chances…

E você, já se converteu ao Neymarzismo?

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Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.


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