Susana Werner reclamando do marido nas redes sociais: exposição demais?
Luciana Bugni
30/01/2018 12h54
Susana Werner e Julio César: nas redes no amor e na dor (Foto: Reprodução/Instagram)
Eu não sei vocês, mas tenho uma questão com indiretas no Facebook. Não posso ver uma delas que saio logo curtindo. Tenho dó da pessoa que teve que escrever a respeito de seus problemas nas redes sociais porque não tem mais ninguém para desabafar. Pior ainda é ela amargar ali um total de zero curtida e perceber que ninguém se importa mesmo. É isso. Tenho uma questão com esses recadinhos. É só ver "bom dia para você que sabe que é importante dar bom dia para os colegas de trabalho" que pronto, logo clico em curtir. "Está na hora de entender que não vão fazer por mim o que faço pelas pessoas"… quando vi, já dei joinha. "E quando a ex do cara não se toca de que está na hora de parar de ligar?", "Um pouco de bom humor não faz mal, não, viu?", "Nem todo mundo gosta do cheiro de atum no trabalho, mas tem gente que não se toca" — curti, curti, curti.
Mas aí vem Susana Werner e me surpreende com uma modalidade nova de indireta nas redes sociais. Ela está arrasada e não quer só atingir o marido, Julio César, que se mudou para o Brasil, deixando mulher e filhos em Portugal — contra a vontade dela e sem sequer consultá-la. Ela usou as redes para desabafar sobre um problema extremamente íntimo. E agora eu, que nem lembrava que eles eram casados, sei que eles tiveram um sábado maravilhoso, jogaram boliche, e domingo ele informou que se mudaria para o Brasil, onde ficaria por três meses jogando no Flamengo, seu time do coração e sonho de sua vida. Ela, que tem um emprego na Europa e os filhos na escola lá, não poderia vir. E, por isso, fez uma série de vídeos no Instagram em que, chorando, reclama da situação. Diz que não é feminista, mas acha os homens egoístas. Eu, que nem conheço essa moça, vi um momento de extrema intimidade dela. Sentimentos profundos, como a decepção em relação à decisão do marido, ali expostos, passíveis de julgamentos.
Susana apagou os vídeos e e pediu desculpas, explicando sua tristeza com a atitude do goleiro, mas as cópias já estão na internet toda. De todo lado tem gente julgando seus sentimentos, a decisão de Júlio Cesar, a vida do casal, o amor que sentem um pelo outro. Fiquei triste por ela, porque, apesar de não conhecê-la, vi ali uma amiga desesperada, precisando conversar. Mas se a atitude de Susana fez com que o marido percebesse que uma decisão desse porte – mudar de continente por três meses, poxa! – tem que ser conjunta, valeu a pena. É sempre bom lembrar aos homens que é importante decidir as coisas em família, mesmo quando se trata de sua carreira, de sua profissão, ou do sonho da sua vida, né? Se se expor nas redes sociais fez bem a ela, que bom! A gente não tem receita para ser feliz e os caminhos podem ser surpreendentes às vezes.
Mas será que precisava disso mesmo? Será que fez bem para o casal que estava jogando boliche sábado ter sua vida exposta desse jeito na segunda-feira? Não seria melhor conversarem os dois? Será que ela ficou mais leve depois de dizer tudo isso na internet? Ou foi por costume? Será que a galera das indiretinhas de Facebook fica se sentindo melhor depois de escrever essas coisas nas redes? Não é mais fácil virar para o lado e dizer que não tolera o cheiro de atum? Ou aproveitar o momento lanche de atum do colega para sair e tomar um café?
Será que as redes, essa grande varanda da nossa casa, onde a gente sai gritando o que bem entender, não estão fazendo com que nós, pessoas comuns, percamos a noção básica de privacidade? Às vezes falar para um amigo, ou escrever num papel qualquer tem o mesmo efeito de desabafo. E sua dor não fica eternizada por aí para gente que nem te conhece direito. 😉
Sobre a autora
Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni
Sobre o Blog
Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.