Somos todos sozinhos que andam juntos e JoutJout nos fez perceber isso
Vamos lá: você é do time que só de ouvir a palavra youtuber tem arrepios? Frases como: "que raio de profissão é essa?" ou "eu não paguei escola de filho para ele querer ser youtuber" fazem parte do seu dia a dia? Pois bem, hoje vou falar de uma youtuber. Não feche a cara, não feche o texto. Na verdade vou falar de você e de mim.
Se você ainda não tinha passado por ela em sua timeline, nessa semana certamente viu alguns, ou dezenas de compartilhamentos do vídeo de JoutJout "A falta que a falta faz", livro do norte-americano Shel Silverstein, publicado pela Companhia das Letrinhas. O vídeo foi postado no YouTube há quatro dias e no momento em que escrevo esse texto tem mais de 2 milhões de visualizações. Isso é bastante. E o impressionante: o conteúdo que fez a internet chorar é a youtuber JoutJout lendo um livro infantil. Isso mesmo. Um livro ótimo, mas é um livro infantil. Eu mesma li uns três livros infantis esta semana e meu público (um bebê de 11 meses bem fofo) nem sempre aplaude e só chora quando tem fome. Então o que fez dois milhões de adultos na internet aplaudirem e se emocionarem e chorarem e verem de novo e recomendarem para os amigos o vídeo de JoutJout?, eu pensei enquanto me enternecia com o jeito dela (delicioso) de contar a história.
O livro "A Falta que a Falta Faz" é sobre algo que se sente vazio, incompleto e infeliz por ter uma parte faltando. A parte, a gente logo pensa que é um par romântico, mas depois percebe que pode ser um emprego legal, um hobby, um passeio ou qualquer coisa que nos motive a sair de casa de manhã e começar mais um dia. No caso do personagem é um triângulo que completa bem o buraquinho em forma de triângulo que ele carrega. Pois bem, quando ele finalmente encontra a parte que falta nele, percebe que o caminho perdeu a graça. Esse é um resumo tosco, o ideal é que você assista ao vídeo abaixo ou compre o livro (que JoutJout transformou no mais procurado e vendido da Amazon no Brasil em 24h, aliás).
Voltamos ao sucesso dos youtubers. JoutJout, simpática, alegre, nos convida a sentar em sua mesa e tomar um café (ou um vinho) quando tudo o que mais precisamos é conversar. A nossa falta de algo é essa solidão. E, como os amigos faziam antigamente, ele está em nossa frente falando sobre um livro que leu. Surpresa: é justamente a solidão, essa falta de algo que carregamos conosco, que nos possibilita os encontros. Como o de JoutJout com o livro, como o do personagem do livro com as borboletas do caminho, como o nosso com JoutJout essa semana mostrando um livro que fala exatamente com cada um de nós.
Porque, casados, solteiros ou descasados, somos um grande grupo de sozinhos que andam juntos e procuramos desesperadamente alguma parte que nos falta. E é bem isso, veja só, que nos mantém vivos e felizes. Minha mãe diz que minha vó dizia que o melhor da festa é esperar por ela. O grande lance da procura não é encontrar, é justamente o caminho. E a gente aqui, adiando a felicidade, quando a festa já começou!
Que bom que existem os encontros. Obrigada, JoutJout. A gente nem me conhece, mas os encontros modernos se dão das mais surpreendentes formas.
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