Quer mudar de vida? Acredite: o problema não é a sua cidade nem o seu país
Começar de novo: não tem quem não pense nisso de vez em quando. Imagina só poder dar um reboot no sistema, chegar, começar outra vez e fazer dessa vez tudo certo? Esse é o tema da novela das 21h da TV Globo, que estreou essa semana, "Segundo Sol". Um cantor de axé famoso nos anos 1990 vive um mal entendido: as pessoas acham que ele morreu num acidente de avião. A confusão vira um ótimo negócio: suas músicas bombam quando ele "morre". E quem administra sua carreira vê a oportunidade de ganhar mais dinheiro do que nunca. Enfim, coisa de novela. Mas o fato é que esse cantor, antes Beto (Emilio Dantas), vira agora Miguel. Muda para uma ilha e vive uma vida simples num lugar que ninguém o conhece. Recomeço total: ctrl +alt +del, na trama de João Emanuel Carneiro (o mesmo de "Avenida Brasil"). Até que a ex vai atrás dele e estraga tudo.
Isso é prática comum entre jovens de classe média alta. Não morrer, digo. Mudar de lugar para começar outra vez. Como se a transformação da cidade ou país onde se vive fosse capaz de melhorar aquilo que está errado na vida. Seria bom se a solução fosse geográfica mesmo. Mas eu sinto dizer que a gente leva dentro de nós todas as nossas questões. Pode ser em São Paulo, na Nova Zelândia, no meio da Amazônia ou numa geleira perdida no Atlântico: você é sempre você.
Aos 20 e poucos anos, uma amiga mudou para outro país em busca de um novo significado para sua existência. Mudou de área, trabalhou com coisas que havia imaginado, estudou inglês, viveu a segurança do primeiro mundo, casou e hoje é cidadã canadense. Mas olha só que coisa maluca: o que a incomodava aqui continua a incomodando lá. A gente carrega o que é para onde vai. Se não resolver as questões com a gente mesmo, é difícil que uma nova vida, mesmo se for em um país de primeiro mundo, apague isso.
Por outro lado, se não tem a ver com geografia, fica mais barato mudar de vida a hora que você quiser. Dá para simplesmente colocar a mão na consciência e romper com padrões antigos. Giovanna Antonelli endossa: a vida seria chata se não tivéssemos segunda chances. E terceiras, e quartas. Ser outra pessoa depende mais de nós mesmos do que do ambiente em que estamos inseridos. Dá para abandonar o cigarro sem parar de ver os amigos no happy hour (é mais difícil, mas dá). Dá para se dar melhor com a ex sem bloqueá-la nas redes sociais. Dá para começar a praticar esporte sem fazer um plano anual da academia, dando um passo por vez em caminhadas diárias. Dá até para se sentir realizado profissionalmente sem pedir demissão. A mudança está dentro de você. Clichezão, né? Mas não é coisa de novela, não. Perceber que você não precisa de passagens para lugares distantes para se transformar é libertador. Está esperando o quê?
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