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Luciana Bugni

Signo do mês, é melhor ficar longe dos sagitarianos

Luciana Bugni

24/11/2017 08h00

Gael é sagitariano… mas é tão bonitinho, né? (Montagem: Marília Filgueiras)

 

Você até percebe que ele está falando um pouco mais alto do que deveria sobre futebol com seu primo no enterro do seu avô, mas vá lá, você está apaixonada. Você até percebe que a gargalhada que ele dá no teatro — numa cena que nem foi tão engraçada assim — chamou mais atenção do que você pretendia e está incomodando aquela senhora de cabelo roxo e colar de pérolas ali na frente, mas, vá lá, problema dela. Você até acha que não precisa conversar/ gemer tão alto enquanto transam na casa de praia daquela sua amiga de faculdade mas, vá lá, quem se segura nessa hora?

A questão é que estar com um sagitariano é se acostumar a pequenas atitudes que em condições normais você até criticaria, mas em se tratando de um ser humano nascido nos idos do fim do ano, pode criticar a vontade e nada vai ser diferente. Lembre-se, daqui para os próximos 20 anos: o ser humano muda, o sagitariano não. E mais, eles acham que estão em constante transformação mas a essência é idêntica ao que era cinco anos atrás. E o que será daqui a cinco anos.

Ele vai demorar para assumir que quer estar com você e culpar um relacionamento anterior, um grande trauma, uma viagem para Malta, um parente distante que está doente, uma série em que está viciado. O cara sempre vai ter uma desculpa travestida de drama introduzida por um "mas é que". Os motivos de um sagitariano não fazer o que você quer são qualquer um e são muitos! Pode parecer a um desavisado que é egoísmo, mas talvez o rótulo seja injusto. É um tipo de alienação que só vê a si não por maldade, mas por incapacidade mesmo de enxergar o outro sem que o outro se coloque de maneira muito clara. Por muito clara, entenda: trancá-lo na sala, desligar o celular e explicar aos berros o que você precisa que seja feito. Pensando bem, é egoísmo, sim.

Mas em tanta loucura, tanta festa, mais uma rodada, mais uma dança, vamos transar no banheiro, vamos ver o sol nascer e muita paixão, existe a melancolia. Como sofre um sagitariano! E é aí que você entra certeira, pingando os is, provando por A + B o quanto ele é demais e que, sim, apesar de todo mundo ter um amigo secreto diferente da firma naquele dia, a turma toda vai à festa de aniversário dele, que será um sucesso. Ele vai ficando confiante, diz que não seria nada sem você, escreve uma carta em papel de fichário, grava seu filme favorito em um DVD pirata.

A sua bondade de fazê-lo se sentir importante, ele devolve com generosidade. Um bom sagitariano, se bem servido, é comunista de tão generoso: te arruma emprego, te dá de presente a jaqueta que está usando porque você elogiou, paga metade da conta da galera inteira no bar antes de ir embora. E você me pergunta como pode alguém meio egoísta ser generoso e eu digo: pode. Ser sagitariano explica esse leve destrambelhamento.

Só que se tudo isso não é suficiente para querer a turma de novembro/dezembro bem longe da sua vida, há um argumento final. Eles são loucos. Loucos por aventura: vão do Jalapão para Moscou com a naturalidade de quem não precisa nem pegar um casaco. E descartam você fácil quando flagram uma aventura mais interessante. Loucos por sexo: toda hora é hora e os lugares mais inadequados são adequados — mesmo que seu pai esteja dormindo no sofá ao lado, você terá algum trabalho para recusar essa transa. Louco por si mesmo: ele vai interromper o que você estiver falando para dar um exemplo semelhante de sua própria vida. Loucos por todo mundo: eles amam qualquer pessoa, têm um milhão de amigos, todos são importantíssimos e estão precisando sair com ele hoje, terça feira, 23h30. Loucos para não se prender: um sagitariano parte do princípio que relacionamentos acabam com a aventura da vida, então eles o evitam ao máximo (isso não quer dizer que vão abrir mão da transa fixa, fica esperta).

Engraçados, brincalhões (podem te pedir em casamento na primeira noite), efusivos, envolventes, malucos, doidos, pirados. No fim do dia o que importa é que ele foi fiel à sua própria essência e obedeceu aos seus ideais.

Pessoas mudam, um sagitariano não muda. Se mesmo assim você achar que vale a pena, a destrambelhada aqui é você.

Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.