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Luciana Bugni

Pai participativo é um pai maravilhoso, mãe participativa é uma mãe, ué

Luciana Bugni

10/10/2017 08h00

Olha só que paizão, minha gente! (Foto: iStock)

"Nossa, mas que maridão, hein?", "Você tem um marido de ouro, menina", "Levante as mãos para o céu e agradeça", "Que paizão ele é, gente!"

Hora ou outra escuto esse tipo de elogio para pais que participam ativamente da educação dos filhos. Se seu companheiro faz minimamente suas funções de pai ou divide com você as tarefas da casa, já deve ter ouvido comentários assim. As pessoas falam com expressões surpresas: "Mas foi ele que fez o almoço? Que maridão". Você concorda meio aturdida. Sim, mas ontem fui eu que fiz… não é assim que era para ser?

Minha amiga passou uma noite acompanhando o pai, que estava na UTI, e ouviu uma desconhecida perguntar com quem estava o seu filho. Quando ela respondeu que a criança estava com o pai, ouviu a seguinte resposta: "Nossa, que paizão que ele é! Você é sortuda!" Peraí, deixa eu ver se entendi: o cara é um paizão porque ficou com o próprio filho enquanto a mãe da criança cuidava do pai na UTI. O que devemos esperar dos homens? "Ah, passar a noite no hospital com seu pai já é demais, se vira aí pra cuidar de seu filho, amor."

Outra amiga tinha passado a noite em claro com a criança que berrou de dor de barriga por algumas horas seguidas. Tentou dar almoço, mas o bebê não quis comer e ela não insistiu. Quando o pai chegou de viagem, descansado, deu a comida toda para o filho, que comeu bem, já que a dor já tinha passado. A mãe dela: "É que ele é paciente e você não". Oi?

Pai que faz qualquer coisa é um destaque. Merece placa e menção honrosa da sociedade. Mãe que faz qualquer coisa é apenas mãe, ué. Não quis ter filho? Toda mãe passa por isso. Ou vai querer reclamar na internet? Engravidou, cuida.

Pois explico aos desavisados: parece que nesse dia em que a mulher engravidou, o pai também estava lá! E parece que ele estava se divertindo também!

Sim, eu tenho um marido de ouro e ele é um pai incrível. Não fosse pra ser assim, eu teria usado camisinha. Uma tia disse: "as pessoas que se impressionam com os atributos masculinos vêm de uma geração em que não tínhamos o menor apoio dos maridos. O meu deu mamadeira uma vez. E nunca trocou a fralda." Todo meu respeito para as gerações anteriores. Vocês são mulheres incríveis. Eu não consigo nem imaginar como era criar um filho sem apoio da pessoa que ajudou a fazer a criança. Acho que eu não conseguiria.

Mas é sempre bom lembrar: nossos maridos incríveis estão fazendo apenas a função deles.

E essa mãe, trabalhando ENQUANTO devia cuidar dos filhos, afe  (Foto: iStock)

Sobre a autora

Luciana Bugni é gerente de conteúdo digital dos canais de lifestyle da Discovery. Jornalista, já trabalhou na “Revista AnaMaria”, no “Diário do Grande ABC”, no “Agora São Paulo”, na “Contigo!” e em "Universa", aqui no Uol. Mora também no Instagram: @lubugni

Sobre o Blog

Um olhar esperançoso para atravessar a era digital com um pouco menos de drama. Sororidade e respeito ao próximo caem bem pra todo mundo.